terça-feira, 21 de abril de 2009

De manhã o patrão confronta-me.
Pergunta-me se ando a guardar registos da entrega de equipamentos. Que os trabalhadores só sabem enganar, não usa a palavra "ladrões" mas usa expressões sinónimas.
Respiro fundo porque vejo com os meus olhos e sinto também eu na minha pele as vergastadas da injustiça da ditadura patronal.
Busco nos meus confins mais longínquos aqui perdidos em algum orgão muito interno - algo entre um intestino, uma vesícula ou até um rim - um sorriso que aplico na cara, um daqueles descartáveis, e pergunto se deseja ver os registos. Explico que recolho os equipamentos desusados e eu própria os deito no contentor bem afastado do sítio onde decorrem os trabalhos para que não vão buscar os velhos e vendam os novos.

"Sinta-se à vontade para mos pedir, sr. Patrão"

Minutos depois Alguém me fala sobre capas de cartão porta-documentos. Que têm um rasganito (imperceptível, verdade seja dita). Um rasganito que segundo quem me falava era inadmissível.
E viva o luxo. Toca a rasgar todas as capas com uns rasganitos porque ficam feias.
A importância da estética no transporte e arquivo de papéis funestos. Ao menos que descansem em capas elegantes e novas.

Ao Alguém ninguém pergunta pelo registo das nem-sei-quantas-capas que estando ainda em perfeitas condições foram completamente inutilizadas e postas no lixo, rasgadas. Capas que podiam estar feias mas servir outro propósitos.

Quem é o ladrão enganador?

3 comentários:

pensamentosametro disse...

Esse teu patrão faz-me lembar aqui o meu "anirmal". Também lhe deve servir como uma luva a expressão:

"Quem não se fia, não é de fiar".


Bjos


Tita

Rita disse...

E aqui, tanto dinheiro mal gasto em m***as que não servem para nada, só show off e quando é preciso alguma coisa "a sério" não há...
Jokas

mimanora disse...

2 pesos e 2 medidas é uma moda que nunca muda;)